Cansado de tanto tropeçar...
18/11/2013 11:36Todos nós em algum momento da vida já tivemos alguns “tropeços”...medos, desilusões, tristezas, angústias, dúvidas e por aí vai...
Muitos passam a vida afogando-se nestas dores. Procuram superá-las apenas tentando esquecer-se do acontecido ou se distraindo do sentimento, achando que são bobagens e que logo passarão. No entanto, quando menos se espera acaba-se tropeçando novamente nestas mesmas emoções.
Eis que em algum momento surgem (e ainda bem que isso acontece) alguns questionamentos e indagações como: “até quando?”, “por que comigo?”, “não aguento mais!”. Isso demonstra que no mínimo a pessoa está cansada dessa situação e só assim é possível que algo mude. Isso mesmo, eu preciso pelo menos estar cansado e disposto a querer algo diferente em minha vida, senão o simples fato de reclamar não muda em nada.
Então num dado momento a pessoa resolve encarar sua vida de frente e dar um basta para o sofrimento e tudo mais que desagrada. Esse encarar significa não mais fugir do que sinto, é parar de fingir que está tudo bem, quando na verdade há algo gritando dentro de você, como um pedido de socorro. E essa é a possibilidade de cessar com o sofrimento, quando escuto esse pedido de socorro dentro de mim e escolho dar atenção a ele. Já viu como muitos pais fazem quando a criança está “incomodando”? Eles a distraem, fazendo algo para que ela pare de atormentar ou até acabam tendo um surto e mandando a criança se calar. É exatamente assim que agimos com nossos sentimentos muitas vezes. Queremos que eles parem de nos atormentar. Que calem suas vozes ou ajam conforme queremos naquele momento. Mas assim como a criança, o que precisamos é de cuidado e atenção.
Acredito que muitos já devem ter ouvido dizer que ‘plantamos o que colhemos’, ‘aqui se faz aqui se paga’, entre outras expressões similares. Tirando a conotação punitiva de algumas dessas frases, realmente é uma grande verdade que aquilo que fazemos aos outros é o que estaremos vivenciando mais cedo ou mais tarde. E ultimamente tem sido mais cedo esse reajuste.
Pensando nisso, olhar para a própria vida e observar o que se tem plantado é um grande começo nessa transformação do sofrimento em liberdade, alegria e paz de espírito, para citar apenas alguns dos benefícios que almejamos colher na vida.
Comece olhando para as pessoas que cruzam seu caminho. Você costuma se responsabilizar pelos atos que tem e palavras que pronuncia ou sua autodefesa faz com que sempre busque um culpado pelas coisas que acontecem? Te convido a ser bem sincero nestas respostas, afinal são para você mesmo e para mais ninguém que irá responder.
Falando ainda sobre culpar os outros pelas coisas que você faz, lembrei-me de uma narrativa de uma grande psicóloga dizendo que desde a infância somos ensinados a colocar a culpa no outro pelas coisas que acontecem, dando como exemplo quando a criança cai e a mãe diz “seu chão feio”, dando a entender que a criança caiu por culpa do chão, ou seja, ali está sendo ensinando que é sempre o outro o responsável pelas coisas que acontecem, mesmo se quem não prestou atenção e caiu foi você mesmo. (!)
Outro grande responsável pelo nosso sofrimento – tenho notado e ouvido na verdade que é o maior responsável – são os julgamentos e acusações. Sim, tudo aquilo que julgo no outro vou vivenciar na mesma proporção que as minhas nocivas palavras e pensamentos. Sei o quanto é difícil nos alinharmos neste não julgamento, na aceitação do outro como ele é, de não darmos nossa opinião em relação a algo que vemos e ouvimos, mas saiba, se não cuidar do prazer que tem neste falar e pensar do outro, as consequências serão prejudiciais a você mesmo.
Vivemos num mundo de muitas descobertas e novidades, mas quando não estamos atentos a quem somos, o que realmente nos faz bem, o que na realidade gostamos, ficamos muito suscetíveis aos convites que estão aí o tempo todo querendo nos levar à distração, à mentira e à cobiça. Esses aspectos já viraram tão corriqueiros que para alguns faz parte da vida. Se tornou tão comum uma mentirinha que parece até normal, mas como dizia Reich “a normalidade não é sanidade”. Ou seja, não é porque muita gente faz que é saudável. Então voltando ao início da nossa conversa sobre os tropeços e dores, nenhum desses hábitos são saudáveis e nos levam a uma vida feliz. Portanto sustentá-los somente vão continuar gerando mais e mais sofrimento.
Um outro aspecto também muito presente hoje em dia é a intolerância que somente gera a solidão. Queremos tudo para ontem e isso nos faz muitas vezes deixar de lado a compreensão e a paciência. Precisamos parar um pouco, respirar mais e respeitar muito mais.
Esses são apenas alguns pontos que nos mantém presos na teia da repetição, em que o tempo passa e certas coisas não mudam em nossa vida. A transformação sempre se dá de dentro para fora. Para que as situações externas mudem é preciso que as mudanças internas se façam. Autorresponsabilidade e autoeducação são algumas delas.
Escolha olhar para como você tem se comportado, como tem se relacionado com as outras pessoas e consigo mesmo. Escolha abrir seu coração, confiar na sua intuição, encontrar o ser divino que habita em você. Escolha fortalecer suas virtudes, mesmo que isso corresponda a mudar suas atitudes. Escolha despertar sua essência e ser feliz!
Valéria Barbosa Marques