E o fim do ano se aproxima...

        O fim do ano vem se aproximando e com ele muita festa e alegria... Para alguns! Afinal essa época do ano não é do agrado de todos (assim como tudo na vida!). As festividades natalinas ao mesmo tempo em que proporcionam para muitas pessoas um momento de profunda paz e felicidade, para outros é tempo de solidão e tédio. Enquanto alguns se alegram pelo reencontro e partilha com aqueles familiares que há um período não veem, outros se angustiam e entristecem por não terem com quem compartilhar desse momento. Outros ainda sentem ojeriza só de pensar que para cumprir um papel social terão de se deparar com aquele parente que durante todo o ano teve um relacionamento difícil, se é que teve algum contato. Neste caso, sentem que essa comemoração não passa de hipocrisia e com isso gostariam que essas datas passassem o quanto antes. Melhor ainda se desse para pular essa etapa.

        Compreensível tudo isso, mas não dá para fugir. Podemos até escolher nos isolar para tentar não sentir nenhuma dor que as lembranças proporcionam. Ir para algum lugar onde não tenhamos que nos deparar com nada disso. Ou pelo menos com nenhuma dessas pessoas das quais não estamos nem um pouco interessados em desejar “Feliz Natal”. Fisicamente até se resolve isolando-se, mas internamente não. É por esse motivo que muitas pessoas nesse período do ano acabam procurando ou ao menos precisando de um auxílio maior daqueles que cuidam das feridas emocionais.

        Até mesmo aqueles que gostam desse período sentem certa nostalgia. E alguns nem sabem o motivo disso. Será que pelo fato de ter de esperar por todo ano para poder abraçar aquele familiar e dizer o quanto o estima? Já que no decorrer de todo ano isso se torna quase impossível devido ao distanciamento em que vivem (às vezes até morando debaixo do mesmo teto)? Ou é porque a única data em que a família se reúne e festeja é esta? Então a nostalgia surge justamente porque uma parte em você sabe que esses instantes são tão poucos e que logo acabarão? E como num conto de fadas depois da meia noite a carruagem vira abóbora e tudo volta a ser como antes...

        Portanto, acredito que não dá para se enganar e fazer de conta que é tudo lindo e maravilhoso, que somos uma família feliz, pois nos reunimos no fim do ano e desejamos muitas felicidades uns aos outros. Afinal lindo mesmo é aquilo que é constante, é desejar coisas boas diariamente (estando junto fisicamente ou não), é sorrir e compartilhar de bons momentos nos doze meses do ano, é torcer e vibrar pelos outros a todo instante e não somente em alguns dias de festa. Isso é a beleza da vida. E por que reduzi-la a tão pouco? Tão pouco tempo...

        Olhe para sua vida, para sua história, para sua família. Sim, todos nós temos uma família, estando juntos a ela ou não. Todos viemos de algum lugar e dele fazemos parte. Então sinta que você pertence à sua família e que ela pertence a você. Isso te preenche e te dá a possibilidade de estar inteiro na vida, o ano todo. Sentindo quem é você e de onde você veio, os caminhos se tornam melhores de serem galgados.

Valéria Barbosa Marques