Educando nossas Crianças...
04/03/2014 17:13É preciso ressignificar a educação que até agora tem sido baseada no medo. A criança é educada para se proteger e para extrair o máximo de tudo e de todos. Ela é treinada para ser perfeita. Isso reforça o ‘eu idealizado’ou autoimagem idealizada, que é construída com base em referências exteriores a respeito daquilo que é certo e perfeito. Dessa forma, a criança é treinada para ser artificial e para agir de uma determinada maneira que é considerada certa perante os códigos sociais.
A minha visão é que a educação deve levar em consideração a dimensão espiritual do indivíduo. E o maior desafio para os pais e educadores é entender o aspecto sagrado dessa missão. Em primeiro lugar, é preciso ter o que oferecer, pois a criança aprende através do exemplo. Não adianta repetir o que está sendo dito no manual, se você não vive daquela maneira. A criança aprende o que você está fazendo, não o que você está falando. Você não precisa ser perfeito para realizar esse trabalho, mas é preciso que tenha desenvolvido um tanto de integridade. Também é imprescindível que tenha desenvolvido um tanto de autenticidade e de humildade, para poder admitir os seus erros perante a criança.
Eu vejo que uma das marcas que todos os seres humanos carregam, mesmo essas crianças mais evoluídas que estão chegando, é a dificuldade de aceitar as suas imperfeições. É muito difícil aceitar que se erra. Eu vejo as crianças se descabelando porque erraram. Elas têm vergonha disso. Por quê? Porque foram condicionadas a fazer certo: “Se você errar eu não te amo”. Isso acontece sutilmente. É uma tirania muito cruel. É uma forma de forçar a criança a atender aos seus caprichos. A criança precisa de limites, mas eles têm que nascer de um coração amoroso, e não da sua criança ferida, que está competindo com ela.
A criança precisa de limites e regras, mas ninguém ensina para ela que, um dia, algumas regras precisarão ser abandonadas, porque, na maioria das vezes, as regras não são criadas com base na Verdade, mas sim, com base em dogmas e crenças da família ou da sociedade. Buscando ser aceita no seu núcleo social, a criança se esforça para cumprir tais regras, e para seguir o script.
Algumas regras podem auxiliar no desenvolvimento da criança, desde que ela aprenda qual é o motivo da regra, e que um dia ela poderá abandoná-la. Mas, eu estou falando de regras que nascem da consciência amorosa, que estão em prol do desenvolvimento dos valores humanos e espirituais do Ser em evolução. Mas, isso é um fenômeno muito raro. O mais comum, é a criança ser treinada para seguir um conjunto de regras baseadas na ignorância: “Se você fizer desse jeito, eu te amo”. Você aprende que, fazendo daquela determinada maneira, será aceito e amado. Mas, se não fizer, não será amado. É claro que estou simplificando, porque a formação do ‘eu idealizado’ acontece de forma bem mais sutil, complexa e inconsciente. Ou você faz do jeito que os seus pais querem, ou eles reitram a atenção, retiram o amor. Isso acontece, porque realmente é difícil lidar com as emoções e sentimentos borbulhantes da criança. A espontaneidade da criança pode incomodar, principalmente quando você já está condicionado, porque ela faz você ver o quanto está distante de si mesmo.
Uma educação baseada em valores humanos e espirituais é que proporciona a lembrança do propósito da encarnação, e que somos seres espirituais, vivendo uma experiência humana na Terra. Todo o sistema deve funcionar para estabelecer e ancorar essa consciência espiritual. Esse é o projeto divino para o planeta.
Trata-se de uma grande mudança. Imagine a economia sendo movida pelo amor, e não pelo medo... Parece loucura, não? Mas, o que nós estamos fazendo aqui? A quem você quer servir? Ao amor divino ou ao ódio e ao medo? Você precisa escolher. Porém, ao escolher a luz, não quer dizer que você automaticamente se transformará em um canal do amor, porque a purificação ainda deve ser feita. Mas, essa escolha e esse compromisso, é que vai nortear o seguimento da sua vida.
(Trecho extraído do livro "Transformando o Sofrimento em Alegria" de Sri Prem Baba)